O conto da conta

Desculpem o post longo, mas... Essa manhã inteira foi uma grande pérola.

Hoje, nosso servidor pifou. Simples assim, ligou e disse "não estou a fim de iniciar o Windows". Claro que, na linguagem do servidor, ele dizia isso escrevendo "BOOT FAILURE. PLEASE INSERT DISK AND PRESS ENTER" em letras garrafais, mas basicamente, queria dizer a mesma coisa.
Sem o servidor da criação funcionando, não tínhamos muita coisa pra fazer. Não que os jobs não estivessem chegando, mas o caso é que todos os nossos arquivos estavam naquele computador. (Aliás, enquanto escrevo, o servidor está sendo consertado. Não quero nem ver como vamos lidar com a bola de neve que se formou.)
Aproveitando que nosso servidor pifou, uma das nossas chefas (lembrando que, quando somos estagiários, absolutamente todos aqui são nossos chefes) mandou que aproveitássemos o tempo "ocioso" (aham...) e abríssemos uma conta corrente cada. Assim, lá fomos nós, o Paulinho e eu, abrir uma conta corrente para passar a receber nossos (pequenos) salários que nem gente grande.
Chegando lá, nosso herói (na boa, o Paulinho é herói já!!) descobriu que não podíamos abrir a conta por dois motivos:
1° - No banco em que fomos abrir a conta, só podíamos abrir numa agência na qual morássemos ou estudássemos perto. Como apenas trabalhamos perto daqui, mas não somos registrados, não podíamos abrir a conta. Se tivéssemos registro, as coisas seriam mais fáceis.
2° - O Paulinho trouxe a conta errada. Quando disseram "conta de telefone como comprovante de residência", referiam-se à conta de telefone fixo, e não à de celular.
Voltamos, nosso herói e eu, para nosso local de trabalho, para pedir uma carta que comprovasse que trabalhávamos ali perto para abrir a conta. E nisso, lá foi o Paulinho, reclamando:
Paulo - Tá vendo? É por isso que eu queria ter nascido um pônei! Na próxima encarnação, eu vou escolher nascer um pônei!
Lari - E por que você não escolheu nascer pônei nessa geração?
Paulo - Tenho certeza que não tive escolha!! Aposto que eu tava lá na fila do céu, esperando pra nascer... Com a senha n° 39 na mão, né... Aí, chamaram assim... "36... Cavalo! 37.. Lesma! 38... Pônei!" e eu disse "ô carai, ó aí o pônei" né... Aí... "39... Humano!" e eu gritei "NÃO, nããão, eu quero ser pônei!!" e disseram "nada disso, tu vai sê humano, e agora vaza que tá atrapalhando a fila!" e eu berrava "não, se ele pôde ser um pônei, eu também posso" e aí chamaram os seguranças, e me arrastavam pra fora do céu enquanto eu esperneava e berrava "nããããããooooo... pôôôôneeeeeiiii..."
Então, demos uma paradinha na rua (até eu conseguir parar de me contorcer de rir e voltar a andar), pegamos a carta e voltamos para a agência. Eu abri minha conta primeiro, com o Paulo sentado do meu lado, e lá se deu o diálogo:
Atendente (falando e assinalando na ficha cadastral) - Bom, a sua cesta de serviços será a básica, ok? A conta não é conjunta... Deseja cartão de débito?
Lari - Sim!
Atendente - Talão de cheques?
Lari - Hum... Não, não precisa.
Atendente - Cartão de crédito?
Lari - Também não.
Atendente - Limite?
Lari - Nenhum, também! Só quero o básico mesmo!
Em seguida, foi a vez do Paulo:
Atendente - A conta não é conjunta... Sua cesta de serviços será básica... Cartão de débito?
Paulo - Hum... Sim!
Atendente - Talão de cheques?
Paulo - Não!
Atendente - Cartão de crédito?
Paulo - Não!
Atendente - Limite?
Paulo - Ôpa! Não!!! (essa ele disse empolgado)
A atendente se virou para digitar os dados cadastrais, e o Paulo pergunta:
Paulo - Ôpa, desculpe, mas... Cesta básica?
Lari - É o pacote de serviços!
Atendente - Sim, é a cesta de serviços da sua conta, que por ser universitária, é a básica!
Paulo - Ahhh tá!!
Saímos da agência, e estávamos voltando ao nosso local de trabalho (fazendo uma pequena paradinha na lojinha de conveniências para comprar chocolate) quando começamos a conversar:
Lari - Ó!! Tô orgulhosa!! Sem talão de cheques, sem crédito, sem limite... Tá começando a ficar mais controlado com seu dinheiro? Gostei de ver!
Paulo - Hein? Não entendi... Que é limite?
Lari - Bom, suponha que seu salário é de cem reais, e que o banco dá cinquenta reais de limite pra você. Isso quer dizer que na verdade você tem cento e cinquenta reais disponíveis pra gastar e sacar. Mas esses cinquenta não são seus, e sim do banco. Então, quando entrar seu próximo salário de cem reais, o banco já desconta os cinquenta reais que você "emprestou" dele.
Paulo - Ah... E de quanto é o meu?
Lari - Ué, você não disse pra atendente que não queria? Você não tem isso, uai!
Paulo (cara, ele ficou loiro de olho azul nessa hora!!) - QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ?!?!?!?!?! Eu achei que quando eu disse que não queria limite... Que ia ser tipo... Ilimitado!! Sabe?? INFINITO!!
Lari (mal conseguindo falar de tanto rir) - Não acreditooo! A PEQUENA diferença entre eu e você é que quando eu escutei "sem limite", eu entendi que era pra não ter esse crédito... E você, quando ouviu "sem limite", pensou em "liberdade uhuw"...
Voltamos pro trabalho, e, para fechar este conto-pérola com chave de ouro, enquanto contávamos pra Déia, o Paulinho revelou a melhor das pérolas... Lembram quando ele perguntou pra mulher o que era a cesta básica? Então:
Paulo - Quando a mulher falou da "cesta básica"... Era de serviços!! Eu pensei que era de comida!! E pensei... "Caramba... Cesta básica por três reais só?! Será que vão mandar pelo correio??" e eu QUASE perguntei isso pra mulher, esse negócio de mandar pelo correio!! Foi por pouco!!

Ufa!! Acabou o conto!! Também, depois disso tudo, queria mais o quê??

Obs.: Pérola das 14h12m de hoje:
Paulo - Eu queria dormir e quando acordasse... "Olha.. Patas... EU SOU UM PÔNEEEIII!"